Abílio Sousa – 66 anos
Maçãs de Dona Maria
“Estive quase 40 anos nos bombeiros, como funcionário e voluntário. Tenho um filho aqui, também funcionário dos bombeiros e voluntário, e tenho outro na Batalha. Já fiz tanta coisa para ganhar algum… Andei com um tractor a carregar lenha, andei numa salsicharia, tudo e mais alguma coisa para ganhar uns tostões. Estudei numa escola industrial, mas depois a vida não ajudou, o 25 de Abril, eu estava em Angola e tive de vir para cá e de me agarrar aí. Andei a fazer poços, fui canalizador, fui isto, fui aquilo. Já não vou a Angola desde 1975. Mas gostava de lá ir. Ver a minha terra, Barra do Dande. O meu falecido irmão morreu lá, atingido em casa. Tenho saudades da terra onde nasci. Tem uma praia com mais de 30 quilómetros de comprimento. E um rio. A gente apanhava tudo, comia tudo. Ostras, amêijoas, ovos de tartaruga, fora aquilo que a gente caçava. Tenho dois filhos, três netos, gostava que eles tivessem uma vida melhor do que a minha. Mais fácil”