António Cruz – 44 anos

Malcata

“O último carvão de que me lembro, que o meu pai fez, eu tinha uns cinco ou seis anitos. O meu avô era ferreiro, fazia as ferraduras para os animais, tinham de gastar carvão. O meu pai trabalhava na agricultura. Antigamente, aqui, o que havia era agricultura e gado, mais nada. Desde que me lembro, sempre houve emigrantes. Sobretudo, para França. Emigrei uns anitos, não gostei. Sou sapador florestal. Para mim, não há melhor vida do que esta, na Malcata. Pode ganhar-se pouco, mas temos liberdade, temos tudo. Nos tempos livres, caça e pesca. Já trabalhei em Lisboa, não me diz nada. Gosto mais de andar no mato”