Pedro Fernandes – 38 anos

Fajão

“Sinto-me bem aqui. É sossegado, identifico-me com a zona. Morar numa cidade, para mim não funciona. Tive aqui as minhas oportunidades e gosto muito de estar aqui. Tenho o meu trabalho, construí família, tenho dois filhos, e sinto-me bem. Trabalho num parque eólico. No final do dia, o pessoal junta-se no café, não somos muitos, mas somos bons, vamos convivendo. No nosso tempo, no Verão juntava-se muita gente, jogávamos às escondidas, íamos ao rio, fazíamos passeios durante a noite, era diferente. Os nossos pontos principais eram a Senhora da Guia e o adro da igreja. Agora os miúdos agarram-se muito aos telefones e aos tablets, não há essa interacção como nós tínhamos. A aldeia é conhecida pela gastronomia, pelo restaurante que tem cá, pelo museu Monsenhor Nunes Pereira, que era um escultor e também fazia muitos quadros, muitos desenhos. No Verão, sentava-se aqui e fazia um retrato de uma rua da aldeia. Trabalhei na construção do museu e aquelas lousas que estão fixas nas paredes exteriores do museu, algumas delas, ele já tinha alguma idade, era eu que as colocava. As gravuras que estão lá era ele que as esculpia na pedra. Os contos são dele também. Punha um pouco a imaginação dele ao serviço para ajudar a dinamizar a história. Fajão é um bom lugar para as crianças, mais saudável. Gostava que os meus filhos optassem por manter as nossas raízes e dar um pouco de vida a estes cantinhos que temos por aqui preservados”